O uso de canteiros de plantas por transeuntes é bastante comum em Belo Horizonte. As pessoas almoçam, assentam e, até mesmo, dormem nesses lugares. Para acrescentar um pouco mais de conteúdo à imagem, resolvi discutir a questão do Intervalo, muito bem explicada no livro Lições de Arquitetura de Herman Hertzberger. Numa brincadeira, sugiro que uma das plantas assusta-se ao ver um estranho se apropriar do "alpendre" de sua casa e grita por socorro. As plantas vizinhas vislumbram a situação e ficam alvoroçadas, pensando estar diante de um delinqüente. Alguém sugere ligar para o 156 - Parques e Jardins - (telefone que, para as plantas, corresponde ao 190 para os humanos) para que alguma providência seja tomada. Os agentes de segurança das plantas vai até o local e assegura que a única solução plausível é colocar um muro, com grade e cerca elétrica. No dia seguinte, amedontrada e convencida de que a solução indicada pelo órgão protetor das plantas é a única possível, a dona da casa decide contratar um pedreiro que sobe um muro ao redor do tal alpendre.
Infelizmente, essa é a realidade que nos cerca hoje, em Belo Horizonte. Cada vez mais estamos aprisionados dentro de nossas casas. Rendemo-nos aos aparatos tecnológicos de segurança, pois nos tornamos vítimas fáceis do medo instaurado pelos próprios comerciantes de cerca elétrica, alarmes, etc. Será que aniquilando a gradação necessária entre os espaços público e privado de forma tão abrupta não estamos fomentando a violência?
Penso que essa muralha imposta pelo privado sobre o público, além de gerar atos cada vez mais violentos daqueles que se sentem agredidos, impossibilita de forma quase definitiva a existência do espaço da Rua, que por si só garantia, outrora, a segurança tão desejada atualmente.
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