segunda-feira, 10 de março de 2008

Análise crítica sobre o texto de Alexandre Medeiros de Menezes: ¨ O ensino de desenho nas escolas de arquitetura e a influência da informática¨.
De fato, é nítida a crescente influência e utilização da computação gráfica na Arquitetura. É imprescindível, contudo, que se priorize a capacidade criativa do usuário no processo de ensino em instituições acadêmicas. Isso, na minha opinião, tem sido colocado em prática com maestria pelos professores das disciplinas de Informática e de Plástica da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Penso, ainda, que a utilização dos softwares como ferramentas suportes para o desenvolvimento de idéias desperta maiores interesse e motivação na busca do conhecimento de tais recursos. Dessa maneira, o aprendizado torna-se natural e prazeroso, como realmente tem sido nestas primeiras aulas de tais disciplinas.
Além disso, em vez de ¨formatar¨ alunos para que se transformem em meros operadores de máquinas, é mesmo necessário que se focalize a preparação de profissionais capazes de solucionar problemas e situações inusitadas e, até mesmo, de levantar tais problemas a fim de determinar uma rota de trabalho, como faz, por exemplo, o arquiteto Paulo Mendes da Rocha. A sistematização das questões levantadas e a proposição de soluções possíveis, inteligentes e, sobretudo, criativas culminam na elaboração do projeto de forma natural e eficiente. O pleno conhecimento teórico dos recursos disponibilizados pelos softwares em geral assume, assim, uma importância secundária, ao passo que o preparo de um profissional capaz de discriminar quais os melhores recursos a serem utilizados em cada momento, ainda que não os conheça totalmente, torna-se primordial. Nesse aspecto, é nítida a excelência oferecida pela Escola de Arquitetura da UFMG. Desde o primeiro contato do calouro com o curso de Arquitetura e Urbanismo, fica claro o intuito da Escola em formar profissionais capazes de operar uma máquina, mas, sobretudo, capazes de aproveitar o potencial tecnológico para intervir no espaço ao seu redor de maneira surpreendentemente criativa, crítica e de forma condizente com a realidade.
Os estudantes, segundo a coerente percepção de Cabral Filho e de Ana Paula Santos, aprendem a transmitir suas idéias e pensamentos através do uso de uma nova linguagem. Ao aprender a aprender a usar o computador, o usuário é, automaticamente, solicitado a usar sua criatividade.
Além disso, o computador é considerado por Maria Lúcia Malard, Phillip Jhon Rhodes e Steven Edward Roberts como um indutor da criatividade ao ser explorado em todo o seu potencial gerador de imagens bi e tri- dimensionais. O uso inteligente do computador na arquitetura pode, ainda, inverter o processo tradicional de projeto, o qual apresenta um curto período para definição do que será desenhado e um longo tempo para a execução dos desenhos. Assim, pode-se encurtar o tempo de desenho, uma vez que há softwares especializados para essa função, e ampliar significativamente o tempo para pensar e criar o projeto, processo de maior relevância, segundo a análise feita pelo professor Alexandre Monteiro de Menezes.
A Escola de Arquitetura da UFMG mostra uma compreensão quase total dessa proposta de transcender o ensino literal dos programas computacionais e segue no caminho de formar profissionais aptos a lidar com as ferramentas operacionais oferecidas pelo computador não apenas como dinamizadores, mas, principalmente, como instrumentos usados pelos arquitetos para ampliar sua capacidade criativa a partir da possibilidade de visualizações gráficas mais reais.
Infelizmente nem toda escola de arquitetura consegue contratar professores capacitados a lecionar a disciplina de informática da forma como foi mencionada no texto de Alexandre Monteiro de Menezes, seja por falta de especialização nessa área, seja por falta de credibilidade nesse processo por parte de alguns professores. A E. A. da UFMG destaca-se, assim, como uma das pioneiras a adotar tal método, o que é, de fato, muito interessante para os alunos. Outra questão que problematiza a inclusão da informática nas escolas de arquiteturas é a grande expectativa dos estudantes em relação ao ensino dos softwares AutoCAD e 3Dstudio que exige dos professores poder de persuasão elevado para convencer tais estudantes a serem menos ansiosos e terem mais confiança no novo método de ensino. A manutenção dos computadores do laboratório de informática é, sem dúvida, mais um empecilho a ser contornado pelos responsáveis pela disciplina.
Apenas a discussão de um novo paradigma de representação e criação arquitetônica a partir de uma exploração radical dos softwares ou mesmo de uma desvirtualização do uso predeterminado dos mesmos é, pois, capaz, segundo Cabral Filho e Santos(1997), de romper o paradigma de que o computador serve apenas para a solução de demandas tradicionais de representação do arquiteto.

Nenhum comentário: