quinta-feira, 17 de abril de 2008

visita ao museu de arte da pampulha










Nesse museu também é possível enxergar que Hertzberger tem razão ao propor uma arquitetura mais interativa. O usuário certamente enriquece o espaço ao usá-lo da forma que lhe convier e isso foi sensivelmente percebido por Oscar Niemeyer ao projetar o antigo cassino e hoje museu de arte, na Pampulha, em Belo Horizonte.

Oi Futuro




Foi bastante interessante a visita ao museu das telecomunicações OI FUTURO, em B. H. . O espaço apresenta formas de interatividade entre usuário e sistemas de informação. A linha do tempo, por exemplo, permite que o usuário, ao mover uma barra manual, selecione uma das datas impressas em uma superfície e vislumbre imagens da época. Para ouvir o som, por meio do uso de "head-phone" neste e em outros aparelhos basta acionar o "play" de um controle remoto. Um outro tipo de interatividade interessante consiste na possibilidade de criar sons ou de regular o volume do som por meio de movimentos sem tocar o aparelho chamado MOOG THEREMIN. Esse aparelho funciona a partir do acionamento de sensores infravermelhos e dialoga com o sistema interativo de luz e sons desenvolvido por Christian Moeller chamado AUDIO GROVE. Esse é um dos caminhos possíveis para se alcançar a arquitetura virtual, a qual propõe uma plenitude na forma de usufruir do espaço. É sempre bom enriquecer nosso vocabulário visual, pois nada mais somos do que meras intertextualidades. Segundo Herman Hertzberg, nem o arquiteto nem os demais profissionais e cidadãos devem ocultar suas fontes de inspiração ou tentar sublimá-las. Isso não é possível. Melhor seria se assumíssemos que precisamos, sim, tomar emprestados os olhos dos outros para enxergarmos de um ponto de vista inédito, até então, para nós. A partir desses valiosos olhares, selecionamos o que precisamos num determinado momento para levar adiante um trabalho, uma idéia ou, até mesmo um ideal. Certamente, não seremos nem de longe meras fotocópias do outro, pois ao unirmos fragmentos de várias idéias à nossa própria idéia, criamos uma complexidade infinitamente mais rica e bem argumentada e, como a água de um rio nunca é a mesma, as idéias sempre evoluem se se deixarem ser compartilhadas até o esgotamento, ou antes disso.


Christiian Moeller

  • A bagagem revelada nos trabalhos de Christian Moeller representa uma das mais originais e mais complexas investigações a cerca do imenso potencial de novas possibilidades a partir do uso interativo do cinema, da música, da computação e do espaço físico.
  • O trabalho de Christian Moeller chamado Chronolyse - Interactive photo exhibition in the Lindentunnel, Berlin 1993 - dialoga com a linha do tempo, vista no espaço Oi Futuro, em Belo Horizonte. Ambos funcionam a partir da interação usuário x linha do tempo. Ao escolher uma data, cenas relacionadas aos acontecimentos da época são acionadas e mostradas em um telão ao observador. No caso da obra de Christian Moeller, um sensor de ultra-som, que monitora a posição do visitante dentro da instalação, gera a visão interativa da história. Essas maneiras de informar revelam-se, desse modo, bastante eficientes, pois atraem e entretem o usuário, fazendo com que este assimile o conteúdo a ser passado de forma muito mais definitiva, uma vez que mais de um sentido foi solicitado.
  • Mais uma vez, Christian Moeller consegue aproveitar o potencial oferecido pela diversidade apresentada pelo usuário e tornar o resultado de seu trabalho simplesmente surpreendente. É fascinante a influência da instalação de vídeo em Osaki, Tokyo, chamada Nosy, sobre os transeuntes. Uma câmara de vídeo captura imagens do espaço ao seu redor e de pessoas que estão passando na rua e as projeta em três torres constituidas por um painel de leds brancos revestidas por vidro. Essa maneira lúdica de fazer arquitetura é realmente mais eficiente e mais significante. O resultado final do trabalho do arquiteto é incrivelmente enriquecido pela intervenção (in)esperada do usuário.
  • O trabalho de Moeller chamado Mojo - Robotic Light Installation, San Pedro, California, 2007 - consiste em um poste de luz, que, por meio de articulações móveis, é capaz de direcionar a iluminação e atingir com um círculo de luz na calçada os transeuntes. Esse braço tobótico já deveria ter sido adotado em outros países, principalmente naqueles em que a violência é uma séria questão. Além de garantir mais segurança aos cidadãos por inibir a abordagem de possíveis moradores, esse mecanismo, se regulado com um sensor de presença, poderia contribuir para a econômia de luz pública, outro sério problema enfrentado nos dias atuais. Eficiente, econômico e responsivo às demandas ecológicas, esse sistema ainda oferece a rica possibilidade de integrar ao espaço a performance do usuário. A rua certamente ficaria muito mais alegre, além de segura, como já foi dito anteriormente. A própria sensação de segurança nas ruas estimularia os cidadãos a usufruirem mais esse espaço e a simples permanência das pessoas num local inibe a açâo de criminosos. Vemos, pois, um exemplo cíclico.
  • O jogo estabelecido ao se colocar um notável aviso "Do Not Touch" ao redor de um objeto em uma exposição em Londres, contudo sem especificar ao certo o que de fato não deveria ser tocado, parece fomentar a curiosidade dos visitantes. Estes, por sua vez, acabam tocando o poste e são surpreendidos com um forte choque seguido de um barulho intenso e incômodo. Mais uma vez, Moeller mostra que esse tipo de interação entre espaço e usuário são imprescindíveis à saúde da arquitetura. Fica claro que o espectador gosta de se surpreender e de se deixar levar pelo lúdico.