sexta-feira, 2 de maio de 2008

Primeiro trabalho no sketchUp


Foi-nos pedido que mapeássemos as sensações ao visitarmos o museu " Oi Futuro ". A minha representação foi uma tentativa de mostrar como é sutil a interface entre EU e minha imagem.


Eu representei as sensações que tive em dois espaços do museu: a entrada e a saída. A fim de potencializar tais sensações, eu permaneci nesses dois espaços por um período bem mais longo do que aquele programado pelo museu e, ainda, passei por tais lugares por mais de uma vez.

Na entrada, cercada por quatro paredes de espelhos, as quais formavam imagens infinitas de mim mesma, senti-me uma estranha anônima em meio a milhares de outros estranhos, de outras imagens vazias de autenticidade. Senti-me incomodada, perdida, ansiosa. Senti o que já pensava: o mundo está cada vez mais alheio às pessoas. Tornamo-nos seres sem personalidade ou história. Enquadramo-nos nos modelos pré-estabelecidos pela sociedade de consumo, pelo mundo da tecnologia mais avançada que dita qual será o próximo ítem de consumo que irá, de novo, nos massificar. E compramos! Compramos para nos incluir em um grupo de clones, para nos tornamos mais um clone que deletou há muito suas verdades, seus desejos e sua verdadeira cara. Os efeitos especiais, luzes maravilhosas, imagens perfeitas disfarçam mal a nossa tristeza, nossa insatisfação, nossa insegurança. Não nos reconhecemos mais. As imagens são de fato infinitas na atualidade, uma vez que não há mais nada a não ser imagens.

Na saída, a conformação de útero e o som de um coração batendo não me fizeram a princípio sentir nada de anormal. Com a minha insistência em permanecer no local, no entanto, não apenas tive sensações peculiares, como também me emocionei. A sensação era de profundo aconchego. Quanto mais eu permanecia mais queria permanecer, como num banho de banheira ou como em uma piscina aquecida. Consegui ter algumas pequenas lembranças da infância, de como me sentia segura, protegida, querida. Cada vez que a porta se abria independente da minha vontade, sentia um incômodo dilacerante, como na hora em que o despertador toca e minha cama diz que devo permanecer. Havia, nesse ambiente também, um espelho. Contudo, o efeito era completamente contrário ao efeito obtido pela disposição dos quatro espelhos da entrada. O espelho desse lugar situava-se em apenas uma das quatro paredes e me causou a sensação de mergulho, de profundidade. A iluminação menos intensa pedia para que eu desacelerasse e olhasse para dentro de mim. Na minha opinião, essa é a sensação de que estamos mais carente no mundo atual. Precisamos nos sentir pessoas amadas sobretudo por nós mesmos, precisamos parar de nos apressarmos inutilmente, parar de desejar o desejo imposto, o desejo do outro para, enfim, descobrirmos quem somos e o que de fato são os nossos desejos.

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